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Zoo amador na Vila Guilherme supera coleção de animais do Jardim de Aclimação

 

TÍTULO Um Jardim Zoológico completo em Vila Guilherme
AUTOR Hermillo G. Pacheco
DATA 16 de fevereiro de 1946
LOCAL São Paulo
FONTE Folha da Noite
REPOSITÓRIO Acervo Folha
DESCRIÇÃO

Primeira menção encontrada sobre o zoológico amador de propriedade de Agenor Gomes, na Vila Maria.

Transcrição da reportagem após consulta em acervo físico:

UM “JARDIM ZOOLOGICO” COMPLETO EM VILA GUILHERME

Curiosa descoberta da “Folha da Noite” – Grande Variedade de Exemplares – Um macaco japonês, de olhos amendoados e um galo de chifre, do mesmo país – Um símio africano, avaliado em mais de 150 mil cruzeiros, que não se apoia pela cauda e possui unhas e dedos iguais aos do homem – Confronto entre o Zoo particular e o que resta do antigo Jardim da Aclimação

Texto de Hermillo G. Pacheco

Fotos de Sergio Linn

Em meio ao ambiente de intensa agitação, em que assuntos dos mais palpitantes, como a onda de greves que, cada vez mais, se alastra; como a questão entre a Justiça e a Polícia e como a situação política, por demais em efervescência, em meio a tal ambiente – repetimos – de total confusão, não há repórter capaz de satisfazer as exigências de um Secretario de jornal. Numa situação, como a que atravessamos no momento, em que o jornalista se vê à braços com uma série de problemas a analisar e compreender, mesmo quando os fatos não se aplicam com clareza e os próprios homens já não demonstram absoluta compreensão das coisas , dominados por paixões as mais diversas, com a maior naturalidade dêste mundo se exige que o repórter focalize todos os assuntos que agitam a opinião pública com o mais absoluto rigor e imparcialidade. “Quero êste assunto deslindado, como deve ser. Nada de “lero-lero”. Traga-me os fatos concretos, positivos”. E o pobre do reporter que se arranje como puder e não volte ao jornal de mãos abanando.

PROCURANDO ENTENDER OS BICHOS

E não sendo sempre possível entender os homens, rodávamos de carro, acompanhados do fotógrafo, por aía fora, quando, ao acaso, deparamos o Jardim da Aclimação. Revolvemos visitá-lo, com o propósito de arejar a mente. De repente, um pensamento nos assaltou. Se procurássemos escrever qualquer coisa sobre os bichos?…Pelo telefone, o Secretário responde: “Vá lá, que seja.” Mais tranquilos, passamos a visitar o antigo “Jardim da Aclimação”. Antigos, dissemos, porque em tempos idos, ali era, de fato, um jardim de grandes dimensões, bem tratado, tendo ao centro imenso lago, onde pequenos barcos constituíam a delícia dos visitantes. Um parque de diversões, com balanços e outros divertimentos, era a principal atração das crianças. Hoje, porém, o que ali se vê, é verdadeiramente desolador. O terreno, sem qualquer trato e completamente abandonado, não mais lembra o antigo parque. O lago secou de todo. As crianças, umas poucas crianças que ali ainda aparecem de quando em quando, à falta de balanços, brincam sobre galhos de árvores caídas.

O JARDIM ZOOLOGICO

Ao tempo em que o parque pertencia ao Sr. Carlos Botelho, havia ali um “Jardim Zoológico”, contendo uma variedade interessante de animais, entre os quais se destacavam um leão, uma leôa, uma onça e um camelo, que morreram de velhos. Há 6 anos, o Parque foi vendido à PRefeitura Municipal por dois milhões e oitocentos mil cruzeiros. Daí por diante é que começa a decadência do parque e do Jardim Zoologico. Sem qualquer trato e renovação dos animais, cuja maioria foi morrendo, somente alguns poucos exemplares restam. Entre êstes, está um casal de ursos árticos, cuja fêmea está para dar cria. Ambos estão mal alojados e ressentem-se de trato adequado. Nas mesmas condições se encontram quatro gaviões, sendo três da raça ‘cará’, alguns macacos, um cachorro do mato, dois quatis, quatro suriamas, dois jacarés, sendo um pequeno; um porco do mato, um jaburú brasileiro, um pelicano estrangeiro, um lagarto e dois mutuns. Em matéria de animais, o maior número é o de jumentos soltos no parque. O trato dos exemplares está confiado a um único zelador. Três guardas, que se revezam em períodos de sete horas de trabalho, são os únicos funcionários existentes . Mal pagos, limitam-se a evitar que os animais sejam importunados pela molecada da redondeza e que casais desabusados penetrem no parque.

UM “JARDIM ZOOLÓGICO”

Deixamos já o antigo parque, que tão mal impressão nos causara, quando, a saída, encontramos um cidadão, que nos informou da existência de um outro “Jardim Zoológico”, de propriedade de um amador, o Sr. Agenor Gomes, situado em Vila Guilherme. Para lá nos dirigimos e, numa imponente chácara, muito bem tratado, tivemos ensejo de conhecer o referido Zoo. Constrastando com o da Aclimação, o do Sr. Agemnor Gomes é um primor. As instalações, amplas e arejadas, submetidas a um regime rigoroso de higiene, comportam grande variedade de animais, desde os mais raros. Acompanhados pelo próprio dono, percorremos todo o parque. Dos exemplares ali expostos, destacamos os seguintes: 

4 tucanos nacionais de três variedades; 1 ararita do Norte; 2 papagaios do Amazonas; 1 periquito amarelo espécie muito rara; 2 papagaios baianos; numerosos periquitos, compreendendo 16 variedades do Norte; 1 periquito japonês e 1 papagaio da mesma nacionalidade de olhos amendoados, não tendo nariz e de cor verde e de encontros vermelhos, azuis e pretos, verdadeira preciosidade. Um cacatu branco de tope azul da Austrália; 2 araras “Canindé”, do Brasil; 2 araras “Una”, e uma “Ipiranga”, de cores vermelha, amarela, azul, verde e rosa, também verdadeira raridade; 2 araras espanholas, igualmente de cores variadas, do Brasil; faisões “King-neck” da China, “Prateado” e “Nepal” preto, do mesmo país; 1 casal de angolas brancas da África, um galo de chifres do Japão, outra raridade; 1 casal de jacus e outro de jacu-mirim; 1 casal de socó-boi; 1 casal de pavões indianos; 1 casal de mutuns do Mato Grosso; 1 casal de jacarés com filhotes, 1 casal de lagartos; 1 de tartarugas; 1 casal de urubu-rei do Brasil, muito raro.

OUTROS ANIMAIS

Encontramos também casais de capivaras, ratos do banhado, porcos caetetus, tatus, cervo “Nobre Alemão”, veado da Índia, da Asia e “Catingueiro” ema, ou avestrus do Brasil, uma imponente zebra, da Africa, cutãs, da Asia Ocidental, que são pequenos burricos de meio metro de altura; casal de ursos americanos pretos e 1 urso ártico; e um casal de jaguatirica, do Brasil; 1 suçuarana de meses, ainda sem dentes, de Mato Grosso, mais conhecido como onça puma; 1 lindo macaco africano, espécie muito rara, pelo qual o sr. Agenor já recebeu a oferta da Europa de mais de 150 mil cruzeiros. O referido animal, cujo pelo é de uma variedade esquisita de cores, possue ainda a particularidade de não se apoiar na enorme cauda, e tem unhas e dedos exatamente iguais ao do homem. Vimos, também, 1 macaco preto, chamado “guatá-aranha”; 1 casal de macacos africanos; 2 cachorros do mato, o conhecido “chacal”; casais de gato do mato, macaco-prego e do Amazonas, bem como guati de várias cores e uma criação de gambás. Como vemos, a lista é enorme. Além de bem tratados, os animais recebem constante assistência veterinária. 

POR AMADORISMO

Pelo que nos informou, o Sr. Agenor Gomes mantém o referido parque por amadorismo, ou melhor, para sua satisfação pessoal. Mensalmente emprega cerca de 10 mil cruzeiros para a manutenção dos bichos, cujo valor total é estimado em mais de um milhão e duzentos mil crueiros. Alguns dos exemplares que possuía foram emprestados ao Jardim Zoológico do Rio, que até agora ainda não os devolveu.

Adiantou-nos ainda, que se Prefeitura concedesse, êle estaria disposto a adquirir os animais que se encontram na Aclimação, a fim de dar-lhes melhor tratamento.

Animais ficam em segundo plano em propaganda do Jardim de Aclimação

TÍTULO Jardim da Acclimação e Zoológico de S.Paulo
AUTOR Desconhecido / Propaganda
DATA 12 de setembro de 1925
LOCAL São Paulo
FONTE O Combate
REPOSITÓRIO

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

DESCRIÇÃO Em propaganda do Jardim de Acclimação, os animais aparecem em segundo plano frente a outras diversões, como tiro ao alvo, balanços, passeios em barcos e campos de futebol.

Sucuri e tatu de 60kg são as grandes atrações de Jardim de Aclimação

TÍTULO Jardim da Acclimação e Zoológico de S.Paulo
AUTOR Desconhecido / Propaganda
DATA 31 de março de 1923
LOCAL São Paulo
FONTE O Combate
REPOSITÓRIO

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

DESCRIÇÃO Os animais de destaque do Jardim de Aclimação, segundo propaganda, eram uma grande sucuri e um tatu de 60 quilos. Também eram ofereecidos ao público passeios de barco e balanço, além de um “completo serviço de bar e restaurante”.

Jornalista defende construção de zoológico em São Paulo como ponto de divertimento

TÍTULO Coisas da Cidade – Jardim Zoológico
AUTOR Plínio Barreto
DATA 20 de fevereiro de 1923
LOCAL São Paulo
FONTE O Estado de S.Paulo
REPOSITÓRIO

Acervo Estadão

DESCRIÇÃO

Autor da coluna “Coisas da Cidade”, Plínio Barreto volta a defender a construção de um zoológico na cidade de São Paulo. Segundo ele, a empreitada se justificaria pelo tamanho de São Paulo, já uma metrópole de 600 mil habitantes, e a necessidade de divertimentos para a população. Segundo ele, junto com o zoo, poderia também ser feito um Jardim Botânico, há que, se “as feras atraem muitos curiosos, as plantas não interessam senão a uma pequena parte do público.”

COISAS DA CIDADE
JARDIM ZOOLOGICO
Por que não se funda, em S.Paulo, um jardim zoológico?
É esta pergunta que me fazem, com frequência, vários correspondentes, os quaes sempre se estendem em considerações, mais ou menos razoáveis, para justificar a necessidaade de um estabelecimento desses nesta capital.
Mas haveria mesmo quem precise ainda de novos argumentos para se convencer da utilidade e necessidade de um jardim zoológico em s.Paulo?
A nossa capital: -não há mal nenhum em repetir-se isso- já é uma grande metrópole, com 600.000 habitantes . Ora, para essa população enorme, que tende a crescer enormemente dentro de algumas dezenas de annos, quaes os divertimentos que se contam aqui?
Pouquíssimos. Fôra as partidas de futebol, os cinemas, os espectaculos nos theatros, o publico que sae de casa aos domingos, só tem para se espairecer e divertir o jardim da Luz e os outros parques, em nenhum dos quaes existem divertimentos verdadeiramente attrahentes. No jardim da Luz e no jardim de Acclimação ainda se encontram alguns animaes interessantes, que, apesar de serem sempre os mesmos e pouquissimos e estarem por isso muito vistos e revistos, attraem grande concorrencia de curiosos diante das suas grades. Já isto esta mostrando quanto seria concorrido um jardim zoológico que aqui se fundasse, e que todos os dias se fosse enriquecendo de novos exemplares da nossa fauna. Podia-se estabelecer, no próprio jardim zoologico, um jardim botanico de que temos também muita necessidade. E o publico lucraria assim duplamente, conhecendo a um tempo a nossa fauna interessantissima e a nossa riquissima flora. Quer-nos parecer que a única maneira de se fazer um jardim botanico é assim, ao lado de um jardim zoologico, a não ser que não se faça questão de ver, naquele, grande concorrencia do povo. Porque a verdade é que, se as fêras ttraem muitos curiosos, as plantas não interessam senão a uma pequena parte do publico. Aquelle que estuda a botanica ou se interessa pela flora.
Que se fundasse, porém, o jardim zoológico, com os melhores elementos existentes em S.Paulo, sobretudo com alguns particulares que decerto não recusariam vender as suas colecções ao municipio; o Jardim Botanico viria depois. E a população teria um excellente ponto de divertimento, vendo animaes de que se tem notícia so pelos livros, e os estrangeiros poderiam admirar a riqueza incrível da nossa fauna.
Assinado por P.

Carlos Botelho diz a médicos e jornalistas que pretende criar no Jardim de Aclimação “especie de jardim zoologico” para “recreio” das famílias paulistas

 

TÍTULO  Jardim da Acclimação
AUTOR  Desconhecido
DATA  5 de julho de 1911
LOCAL  São Paulo
FONTE  Correio Paulistano
REPOSITÓRIO

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

DESCRIÇÃO

 Grupo de médicos e jornalista visita o Jardim da Acclimação a convite de Carlos Botelho.
A reportagem descreve o parque “bem ajardinado”, o lago, a leiteria e o estábulo. Um jardim zoológico, na época, ainda estava somente nos planos dos proprietários, ainda que já existissem ali alguns animais (exóticos e domésticos). O objetivo, a longo prazo, era tornar o parque em um lugar de recreio/lazer para a população:

 

Além do serviço irreprehensivel da colheita do leite, tiveram os clinicos occasião de verificarem o ideal do dr. Botelho, que é estabelecer alli, como no Jardim de Acclimação de Paris, uma especie de jardim zoologico. Para isso já existem lá muitos cavallos de fina raça, cães galgos e outros, antas, carneiros, um dromedario e diversas aves aquaticas, sendo de notar que existe uma cisne que choca atualmente ovos para darem esse producto, que tanto enfeita o jardim. É [in]tenção do dr. Carlos Botelho de abrir ao publico escolhido de S.Paulo o seu cuidado jardim, estabelecendo nelle sociedades que tornarão o aprazivel logar conhecido. Assim já existe um “club hippico”, para montaria, vae haver um outro de “law tennis” e um para regatas para senhoras. Como se vê desta arte vae ficar procurado o jardim, que tem todas as condições para ser logar de recreio às famílias paulistas.

 

Jornal publica balanço de 1893 de Jardim de Aclimação, em SP

 

TÍTULO Companhia Jardim de Acclimação Zoologico e Botanico de São Paulo – Relatório N.3
AUTOR Directoria da Companhia Jardim de Acclimação Zoologico e Botanico de S.Paulo
DATA  8 de agosto de 1894
LOCAL  São Paulo, São Paulo
FONTE  Correio Paulistano
REPOSITÓRIO

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

 

DESCRIÇÃO Balanço do ano de 1893 do Jardim de Aclimação, de Carlos José Botelho e outros acionistas. Dá-se a saber que a o empreendimento ainda não gera lucro aos acionistas e que “a renda actual provém da venda urbana de leite, porém, mais tarde, esta poderá ser augmentada com a venda de animaes, de aves, de productos de horticultura, pecicultura, arboricultura, floricultura etc.”. Não é feita nenhuma menção à exposição de animais no local.