Este é um trecho da dissertação de mestrado “Rastros: A Constituição do Zoológico de São Paulo na Imprensa Paulistana”, defendida na Universidade Estadual de Campinas em 2015 por Luísa Pessoa. Não encontramos registros do século XIX que apontassem a existência, mesmo que amadora, de uma área pública voltada à exposição de animais na cidade São Paulo[1]. No entanto, algumas notas…
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Leopardo escapa do jardim da quinta das Laranjeiras, em Lisboa, e é morto por soldados
TÍTULO | Caça ao Leopardo |
AUTOR | Desconhecido |
DATA | 6 de setembro de 1905 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | O Estado de S.Paulo |
REPOSITÓRIO | |
DESCRIÇÃO |
Jornal relata “caso sensacional” ocorrido em Lisboa (Portugal) de leopardo que, ao ser transferido para um novo parque e uma nova jaula, consegue escapar. São acionadas a polícia, a força de cavalaria e infantaria da guarda municipal para cercar o jardim, encontrando o leopardo “descansando tranquilamente” em um propriedade vizinha ao zoo da quinta das Laranjeiras. Ao ser atingido pela primeira vez pelas balas, o leopardo foge. Depois, ao ser novamente baleado, corre em direção à força militar e finalmente é morto. Vale comparar a narrativa da reportagem do Estadão com a do Correio Paulistano (abaixo). |
TÍTULO | Carta de Lisboa (nota da coluna) |
AUTOR | Desconhecido |
DATA | 8 de setembro de 1905 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | Correio Paulistano |
REPOSITÓRIO | |
DESCRIÇÃO |
Reportagem do Correio Paulistano traz mais alguns detalhes da fuga de leopardo e de sua procedência (fora um presente ao rei do governador geral de Moçambique, Azevedo Coutinho). O animal teria fugido de uma jaula cuja construção ainda estava incompleta e, depois, ficara passeando “serena e elegante, gozando as delicias da liberdade” até ser alvejado por soldados. Tanto no relato do Correio Paulistano quanto no Estadão, no entanto, é possível perceber como o leopardo mantém uma atitude “tranquila” (até ser atacado), enquanto os humanos estão extremamente nervosos, atrapalhados e despreparados frente à situação (até mesmo ferindo um soldado à bala). |
Zoo de Lisboa leiloa bens para fechamento; animais passam fome
TÍTULO | Corresp. de Portugal: Lisboa – Dezembro 1886 |
AUTOR | José Carrilho Videira |
DATA | 30 de janeiro 1887 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Correspondente d’A Província em Lisboa reporta que zoológico de Lisboa já leiloou parte dos seus bens e que animais da instituição passam fome. Pequena nota dá a entender que um dos indicativos que mostravam o fracasso da empreitada, já de início, era o fato de que as “casinholas” destinadas a abrigar os animais eram bonitas, mas sem “commodidades”. |
Zoo de Lisboa prestes a fechar as portas
TÍTULO | Corresp. de Portugal: Lisboa – Maio 1886 |
AUTOR | José Carrilho Videira |
DATA | 9 de julho de 1886 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Encerramento das atividades do zoológico de Lisboa parece iminente, devido ao fracasso administrativo e de bilheteria. Repórter dá a entender que donos do zoo alegam alto gasto com os animais “quando em verdade são os de dois pés [os homens] que comem de mais, sendo de uma completa incapacidade”.
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Diminui venda de ingressos de zoo de Lisboa
TÍTULO | Corresp. de Portugal: Lisboa – Julho 1885 |
AUTOR | desconhecido [provavelmente, Carrilho Videira] |
DATA | 5 de setembro de 1885 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Nota do correspondente d’A Província de São Paulo mostra que, nos (provavelmente, os primeiros) seis meses de 1885, o zoológico de Lisboa teve média de venda de 602 entradas por dia. No ano anterior, a média diária foi de 770.
Isso, pelo correspondente, é avaliado como um “fiasco” e culpa da “incapacidade da direcção”.
Também é relatado um caso curioso em que pintores foram proibidos de retratar os animais do parque.
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Animais morrem de frio no zoológico de Lisboa
TÍTULO | Corresp. de Portugal: Lisboa – Maio 1885 |
AUTOR | Carrilho Videira |
DATA | 10 de junho de 1885 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Inverno impõe sofrimento aos animais do recém-inaugurado zoológico de Lisboa. Uma das primeiras notícias encontradas durante a pesquisa que denunciam maus-tratos a animais encarcerados. Além da reclamação sobre a falta de diversidade de espécies presentes no zoo (o que já fora feito anteriormente pelo mesmo correspondente), é criticado o tamanho “acanhado” das jaulas e o despreparo para o frio. No entanto, importante notar, não é o encarceramento em si o problema, mas a má administração do empreendimento.
O correspondente vê como necessária a apresentação de espécies tanto do continente quanto das “possessões ultramarinas” de Portugal –algo relacionado ao domínio metonímico de terras estrangeiras?
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Em crise, zoo de Lisboa pede ajuda do governo
TÍTULO | Corresp. de Portugal |
AUTOR | desconhecido |
DATA | 19 de dezembro de 1885 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Falta de “capacidade administrativa e intelectual” da burguezia argentária da capital de Lisboa, segundo reportagem, leva direção do zoo a pedir subsídio do governo
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Deficiência de specimens prejudica zoo de Lisboa
TÍTULO | Corresp. de Portugal |
AUTOR | C.V. [José Carrilho Videira?] |
DATA | 18 de novembro 1884 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Correspondente relata brevemente como zoológico de Lisboa, “este recreio tão útil”, não correspondeu às esperanças, devido a “absoluta deficiencia de specimens zoologicos” e má-administração de seus diretores
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Civilização alcança Lisboa com inauguração de zoo
TÍTULO | Escrevem de Lisboa, a 29 |
AUTOR | desconhecido |
DATA | 19 de junho de 1884 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Reportagem relata inauguração do novo zoológico de Lisboa, Portugal, localizado no parque de S. Sebastião da Pedreira.
Interessante a observação do redator, que relaciona o zoo a uma prisão para os animais:
Reportagem também lista os empresários envolvidos no negócio: [José Thomaz] Souza Martins e [Pedro] Van der Loan, e termina fazendo paralelo entre a presença de um zoo e o grau de civilização de uma cidade
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Zoo de Lisboa é inaugurado com cabras e ovelhas
TÍTULO | Jardim Zoologico e de Aclimação |
AUTOR | desconhecido |
DATA | 29 junho 1884 |
LOCAL | Lisboa, Portugal |
FONTE | jornal “Seculo”, em reprodução pela “A Província de São Paulo” |
REPOSITÓRIO | Acervo Estadão |
DESCRIÇÃO |
Reprodução de reportagem jornal português “Seculo”, de 29 de maio de 1884, sobre a inauguração do zoológico de Lisboa, em Portugal.
Boa parte do texto é uma enumeração dos animais presentes no parque. Muitos deles estão longe da categoria entendida como “selvagem” ou “exótica”, como cabras, ovelhas, bois, corvos, perdizes e cães. Há no entanto, uma girafa e uma gaiola de macacos, que era a “que mais chava a attenção do público”, além de camelos que podiam ser montados por visitantes.
Interessante notar o interesse d’ “A Província de São Paulo” no empreendimento.
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