Ursos brancos brigam e viram ‘espetáculo’ em zoo na Alemanha

 

TÍTULO  Espectaculo nunca visto
AUTOR desconhecido
DATA  24 de abril 1877
LOCAL  Jardim Zoológico de Colônia (Alemanha)
FONTE  jornal “Diário de S.Paulo”
REPOSITÓRIO  Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
DESCRIÇÃO Com detalhes, jornal narra briga entre dois ursos no zoológico de Colônia, Alemanha, em que um deles morreu:

Um espectaculo que é raras vezes dado ao homem contemplar, espectaculo pelo qual mais de um imperador romano teria certamente dado uma fortuna, foi visto ultimamente por uma multidão numerosa no Jardim Zoologico de Colonia.
Dous ursos brancos do mar Glacial, animais celebres por sua ferocidade, bateram-se no seu fosso, e um delles succumbiu depois de um combate furioso. Estes dous ursos tinham sido transportados de Spitzberg [ilha norueguessa] ha cinco anos; havião-nos [sic] alojado em fossos quadrados, ladrilhados e forrados de pedra, no meio dos quais se acham grandes pias, constantemente cheias de água.
A conducta destes carnívoros fôra excellente até os ultimos dias, em que uma violenta rixa rebentou de repente. A femea refugiou-se no cume de um rochedo, atraz de uma das bacias; o macho não tentou perseguil-a [sic]; ali esteve ela acocorada durante três dias, até o momento em que, apertada pela fome, decidiu-se a descer.
Logo que o macho a viu approximar-se, soltou um rugido de envolta com um medonho ranger de dentes; depois, enfurecendo-se, precipita-se sobre ella e começa a despedaçal-a com as garras dianteiras.
Uma luta terrível se travou; mas a femea ficou dentro em pouco por baixo.
Avisou-se o pessoal do Jardim Zoológico, que acudiu o mais depressa possível, depois de se ter munido de compridas trancas de ferro; mas foi impossível separar os combatentes.
Sabe-se que os ursos brancos dos mares polares, que são de uma força prodigiosa, têm os ossos da cabeça muitos mais duros que os ursos da terra; por mais pancadas que lhe derão não puderão atordoar o macho, que, cahindo sobre a femea, lhe arrancou os olhos e a esmagou, por assim dizer, da cabeça até as garras; depois arrastou-a até o fundo de uma pia, onde a segurou debaixo da água até que se certificasse de que ella não dava já signal de vida. Retirou-a então, e pôs-se a passear com o cadáver em redor do fosso. Finalmente, ao cabo de uma hora, cansado pela luta e pelas feridas que recebêra, foi deitar-se na sua cama, que os guardas fechárão immediatamente, deixando cahir as grades de ferro.
Tendo sido examinada a fera morta, pôde-se ver as feridas terríveis que fazem com os dentes e com as garras estes ferozes animais carnívoros. As carnes da femea cahião aos pedaços: o pescoço e mesmo a cabeça estavão quasi esmigalhados; o resto do corpo tinha mais de 100 feridas. É de notar que durante todo o tempo que durou o combate, estes ursos brancos não soltavão nem um grito, nem um murmurio estranho que fazem ouvir os ursos pardos quando se batem.

 

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