DESCRIÇÃO |
Cronista menciona sua visita ao zoológico do Rio de Janeiro e elogia os jogos (no caso, um frontão e um boliche) que garantiam rendimento ao estabelecimento e, assim, a alimentação dos animais e a manutenção do espaço: Talvez sem se dar conta, o cronista também mostra como o público rapidamente perde o interesse nos animais, que vivem melhor sem serem importunados pela curiosidade do povo:
“Quando a polícia, ardendo em zelo, prohibiu ha alguns annos, o jogo no Zoologico, começou a desenrolar-se alli uma tragedia dolorosa. Foi a tragedia do fim de um mundo, em todo o seu horror. Sem jogo, não havia dinheiro; sem dinheiro, não havia alfafa, nem milho, nem alpiste, nem farello. E o jardim se encheu daquele chôro e ranger de dentes, de que falla a Bíblia. O chôro era a humilde manifestação do pezar dos macacos e das avez; o ranger dos dentes era a colerica e formidavel lamentação dos tigres e das onças. E o que mais doía era ver os macacos, magros, pellados, com lagrimas humanas nos olhos, coçando desesperadamente o coccyx, guinchando a sua fome e a sua tortura… Agora, que bello! têm os bichos comida farta, e, o que mais é, socego. Socego completo, absoluto, ineffavel! Os animaes estão livres da curiosidade e das importunações do povo, que não arréda pé do frontão e do boliche, acompanhando as peripecias commovedoras das partidas de pelota e bola.
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