TÍTULO | A Que Morreu de Amor |
AUTOR | Ilegível |
DATA | 4 de setembro de 1917 |
LOCAL | Desconhecido |
FONTE | O Estado de S.Paulo |
REPOSITÓRIO | |
DESCRIÇÃO |
Crônica de autoria desconhecida, já que a assinatura está ilegível. O texto conta a história de um homem que, percebendo a tristeza do seu chimpanzé de estimação (“que vivia em uma sociedade que não era sua e falava uma língua estrangeira”), resolveu adquirir uma chimpanzé fêmea para lhe fazer companhia (“como o Senhor criou Eva para distrair Adão”). Após três meses de felicidade (“conquanto improductiva”), o chimpanzé morre de pneumonia, sendo seguido, duas horas depois, por sua companheira, que sucumbe aparentemente de desgosto. A partir desse ponto, o autor começa a discutir se comportamento semelhante poderia ser observado entre seres humanos. Para aquele que escreve, a demonstração de sensibilidade é mais exacerbada em classes inferiores seguida por raças inferiores e animais, como em uma linha evolutiva. No entanto, a demonstração da sensibilidade não pode ser confundida com a presença de mais ou menos sensibilidade, mas sim do controle de sua expressão: “As manifestações de sensibilidade são mais demonstrativas nas classes inferiores e menos educadas, e essa demonstratividade cresce nas raças inferiores e finalmente nos animaies; o que não quer dizer que a sensibilidade real seja em proporção com a energia das manifestações. Uma camponesa faz alarido quando o filho parte para sentar praça na mais octaviana daspazes. Quando sucesso uma desgraça numa casa de gente humilde, as vizinhas todas fazem alarido individual e coletivo. Nada disto denota sensibilidade. É apenas falta de educação. A educação consiste em dominar os momentos reflexos, e é nos casos extremos substituída pela policia e pelas posturas municipais.” O autor procura médicos para perguntar sobre a possibilidade de uma mulher morrer de tristeza pela morte de seu marido, como ocorreu com a chimpanzé. Porém, eles desconhecem casos semelhantes em humanos. O autor então conclui dizendo que aquele era um caso legítimo de morte por amor e que, talvez, isso se dê também ao fato de que maridos chimpanzés tratam melhor suas esposas que os humanos, inspirando assim, maior paixão. O último parágrafo, que conclui o texto, não é possível ler. |